
Por que essa frase pode ser mais perigosa do que parece
“Sou a favor do porte de armas, mas tem que ter preparo.”
Essa frase é repetida com frequência por quem acredita que a posse de armas deve ser acompanhada de responsabilidade. À primeira vista, parece um ponto equilibrado. Quem poderia ser contra o preparo?
Mas na prática, ela costuma ser usada como porta de entrada para justificar intervenções estatais que, em vez de promover segurança, dificultam o acesso à legítima defesa. O resultado? O cidadão de bem fica desarmado — e o criminoso, livre.
Neste artigo, vamos desmontar essa narrativa, mostrar como o verdadeiro preparo é um processo contínuo e voluntário, e explicar por que todo controle estatal excessivo sobre armas é, na verdade, um ataque à liberdade individual.
O preparo é essencial — mas não pode ser pré-condição
Defender o preparo não é o problema. O problema é confundir preparo com controle estatal.
A realidade é que ninguém começa pronto. O preparo técnico e emocional com armas é um processo contínuo, que começa no momento da aquisição da arma e vai se aprofundando com treinamento, estudo e prática.
Exigir que o cidadão já esteja “100% preparado” antes mesmo de ter acesso a uma arma é como proibir que alguém aprenda a dirigir por não saber dirigir. Não faz sentido.
Quem define o que é preparo?
O risco de critérios políticos e sujos
No Brasil, qualquer exigência estatal se torna rapidamente um instrumento de exclusão e corrupção. Cursos obrigatórios, exames psicológicos, testes técnicos — tudo isso soa bonito no papel, mas na prática serve apenas para dificultar a vida de quem quer se defender legalmente.
Enquanto isso, os criminosos continuam armados com armas ilegais, e a classe política e os servidores públicos continuam protegidos por seguranças armados — pagos com dinheiro público.
Segundo estudo do Instituto Sou da Paz, mais de 70% das armas apreendidas em crimes no Brasil são ilegais. Ou seja, nenhum controle estatal impediu o criminoso de estar armado. Ele simplesmente ignora a lei.

O Estado brasileiro não é neutro — é hostil ao cidadão armado
Toda forma de “controle” sobre armas parte de um pressuposto perigoso: o de que o Estado pode decidir quem pode ou não pode se defender.
Na prática, isso se traduz em processos burocráticos lentos, caros, opacos e discriminatórios. Um cidadão comum pode levar mais de um ano para obter autorização para comprar uma arma — e muitas vezes é negado sem qualquer justificativa.
Enquanto isso, milicianos, traficantes e corruptos seguem armados e impunes.
Esse controle não é sobre segurança. É sobre poder. E o objetivo final é sempre o mesmo: concentrar a força nas mãos de poucos e deixar o povo vulnerável.
A Lei 10.826/03 existe que um “instrutor de tiro”, vinculado à Polícia Federal – que serve ao Lula – faça um laudo baseado em uma série de disparos dentro de estande, em condições controladas e contra um alvo de papel parado, que em nada refletem o suposto preparo para o uso da arma.
E por mais que se melhorassem os testes e que eles fossem realizados por profissionais independentes – não ligados ao governo desarmamentista – ainda assim, eles não impediriam que pessoas que não passaram por esses testes tivessem acesso a armas, tornando todo o processo um enorme exercício de futilidade, que apenas favorece o crime e a burocracia, penalizando o cidadão probo, enquanto torna mais fácil a vida dos bandidos da esfera privada e, pior, da esfera pública.
O mito do controle = segurança
Diversos países mostram que restrições legais ao acesso às armas não necessariamente reduzem a violência. Alguns dados:
- Reino Unido: Após o banimento das armas curtas em 1997, o número de crimes com armas de fogo subiu 105% na década seguinte.
- Austrália: O famoso programa de “buyback” de armas em 1996 foi elogiado mundialmente, mas estudos como o de Baker e McPhedran (2006) demonstraram que a queda nos homicídios já vinha ocorrendo antes da medida.
- Brasil: O Estatuto do Desarmamento (2003) prometeu reduzir a violência. Mas em 2004, o país bateu recorde histórico de homicídios: mais de 48 mil mortes. E os estados mais desarmamentistas continuam entre os mais violentos.

Esses exemplos mostram que o problema da violência não está nas armas — está na impunidade, na desigualdade e na ausência do Estado onde ele deveria atuar de verdade.

A cultura armamentista dos EUA: liberdade com responsabilidade
Nos Estados Unidos, onde a posse de armas é garantida pela Segunda Emenda da Constituição, mais de 120 milhões de cidadãos possuem armas legalmente.
Apesar do grande volume, os acidentes fatais com armas caíram significativamente desde os anos 1990, segundo dados do CDC – Centers for Disease Control and Prevention.
Isso demonstra que o aumento na posse legal de armas pode caminhar lado a lado com uma cultura de responsabilidade, sem necessidade de controle estatal opressor.
O verdadeiro caminho: liberdade individual e cultura de preparo
A segurança nasce da liberdade com responsabilidade — e não de leis que travam o acesso à legítima defesa.
O cidadão armado deve buscar preparo, sim. Mas isso deve vir da consciência, da cultura, da instrução, do incentivo e do acesso fácil ao treinamento. E não de uma burocracia opressora que exige laudos, exames e taxas como forma de afastar o povo da liberdade.
Pensamentos finais
“Sou a favor do porte de armas, mas tem que ter preparo” só faz sentido se entendermos que:
- O preparo é um processo voluntário, contínuo e pessoal.
- O Estado não deve definir arbitrariamente quem pode se defender.
- A exigência de “preparo obrigatório” vira instrumento de controle e exclusão.
- Toda liberdade se aperfeiçoa com prática, não com proibição.
Em um país como o Brasil, onde o crime domina, o Estado falha e os políticos se protegem com segurança armada, impedir o cidadão de se armar é um ato de covardia — ou de cumplicidade.
Referências
- Instituto Sou da Paz. (2021). Relatório sobre armas apreendidas. Disponível em: https://soudapaz.org
- Fórum Brasileiro de Segurança Pública. (2022). Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Acesso em: https://forumseguranca.org.br
- CDC – Centers for Disease Control and Prevention. (2023). Firearm Mortality by State. Disponível em: https://www.cdc.gov
- Hicks, J. & Allen, G. (2006). A Century of Change: Trends in UK Statistics since 1900. UK Parliament – House of Commons. Acesso em: https://researchbriefings.files.parliament.uk
- Baker, J., & McPhedran, S. (2006). Gun Laws and Sudden Death: Did the Australian Firearms Legislation of 1996 Make a Difference? British Journal of Criminology, 47(3), 455–469. https://academic.oup.com/bjc/article/47/3/455/392546