
Armas são regalia ou necessidade?
No post intitulado “Por que países europeus, que não são comunistas, também têm o acesso a armas altamente restrito?”, um leitor identificado como Cleber Gustavo , no Facebook, comentou:

“A resposta é simples, segurança pública não depende de armas na mão da população! Cidadãos não precisam ter armas em uma sociedade estável e desenvolvida, o direito a acesso às armas não é uma necessidade, é uma regalia!”
A equipe do Instituto DEFESA considera importante responder a esse tipo de argumento, pois ele parte de premissas erradas e desconsidera a realidade prática da segurança, tanto no Brasil quanto no mundo.
1. Segurança pública não é o mesmo que segurança pessoal
O leitor menciona segurança pública, e com isso há concordância. Segurança pública diz respeito às políticas estatais de segurança: organização das forças policiais, estrutura jurídica, ações preventivas e repressivas, e o funcionamento do sistema de justiça.
Mas é essencial lembrar que segurança pessoal é outra coisa. Ela diz respeito à capacidade individual de responder imediatamente a uma ameaça à vida, algo que o Estado, por definição, não pode garantir em tempo real. Em países como os Estados Unidos, cidadãos são armados, treinados e legalmente autorizados a se defender — não porque o país seja instável, mas porque a responsabilidade individual pela própria vida é um princípio de liberdade e maturidade cívica.
2. Dados mostram que armas previnem crimes
De acordo com o banco de dados do Gun Facts, armas de fogo são usadas defensivamente entre 2,1 e 2,5 milhões de vezes por ano nos EUA. O mais interessante: em até 92% dos casos, nenhum disparo é feito — apenas a presença da arma já basta para impedir o crime.
Estudos também mostram que criminosos tendem a evitar potenciais vítimas armadas, o que já desmonta o mito de que armas aumentam a violência.

3. O fracasso da segurança pública no Brasil
No Brasil, a realidade é brutal. Segundo o Atlas da Violência 2023, o país registrou mais de 47 mil homicídios em um único ano — média de 130 assassinatos por dia. A maioria das vítimas são homens, jovens e pobres. A polícia chega tarde, quando chega. O sistema de justiça é lento, ineficaz e muitas vezes capturado por interesses ideológicos.
Neste cenário, dizer que “arma é regalia” é ignorar a necessidade básica de sobrevivência de milhões de brasileiros que vivem sob constante ameaça.
4. A Europa desarmada está mais violenta
A Europa, frequentemente citada como exemplo de civilidade, vem enfrentando aumento constante da criminalidade urbana. Relatórios da Europol indicam que países como França, Bélgica, Alemanha e Suécia sofrem com:
- Explosão de gangues armadas
- Aumento de crimes violentos em trens, metrôs e centros urbanos
- Crescente uso de facas e armas ilegais
A Suécia, por exemplo, teve um dos maiores aumentos de tiroteios da Europa entre 2012 e 2022. Em todos esses casos, as populações estão desarmadas e vulneráveis, muitas vezes proibidas até de carregar spray de pimenta.
Portanto, o desarmamento europeu não gerou mais segurança. Apenas facilitou a ação dos criminosos.

5. Outros pontos que precisam ser considerados
- O direito à legítima defesa é natural e anterior ao Estado. Não é uma “regalia”, é uma extensão do direito à vida.
- Países onde o cidadão é armado tendem a registrar menores taxas de criminalidade. Suíça, Finlândia, República Tcheca e vários estados dos EUA confirmam isso.
- Criminosos não seguem leis de desarmamento. Só o cidadão honesto fica desarmado.
- Desarmar a população é uma tática recorrente em regimes autoritários: Cuba, Venezuela, China e Coreia do Norte são exemplos vivos disso.
O direito ao acesso às armas não é um capricho. É um pilar da liberdade individual e da proteção da vida. Em um país onde o Estado falha em oferecer segurança mínima, e onde a violência cresce mesmo em países desarmados, esperar que o cidadão permaneça indefeso é não apenas ingênuo — é cruel.