
Nas últimas décadas, o debate sobre o acesso às armas de fogo no Brasil tem sido dominado por narrativas ideológicas. Setores desarmamentistas frequentemente associam o aumento no número de armas legais a uma elevação na criminalidade. Entretanto, uma análise fria e objetiva dos dados revela que essa correlação simplesmente não se sustenta. O próprio Atlas da Violência 2023, publicação oficial elaborada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo IPEA — instituições geralmente críticas à cultura armamentista —, apresenta números que ajudam a desmentir esse mito.
Ao observarmos a taxa de homicídios por estado entre 2011 e 2021, fica evidente que os estados com maior presença de CACs (caçadores, atiradores e colecionadores), clubes de tiro e cultura armamentista consolidada são também os que apresentam as menores taxas de violência letal do país. São Paulo, por exemplo, reduziu sua taxa de homicídios de 11,5 em 2011 para apenas 6,6 em 2021 — a menor entre todas as Unidades da Federação. Santa Catarina e o Distrito Federal seguem a mesma tendência, mantendo taxas consistentemente baixas, mesmo durante o período de maior crescimento no número de armas registradas no país.
Enquanto isso, estados como a Bahia e o Amapá, onde o cidadão comum enfrenta mais dificuldades para acessar meios legais de autodefesa, terminaram 2021 com taxas altíssimas: 48,0 e 52,6 homicídios por 100 mil habitantes, respectivamente. Em termos proporcionais, isso significa que um morador do Amapá tem oito vezes mais chances de ser assassinado do que um morador de São Paulo. A discrepância é gritante — e ignorada por aqueles que defendem restrições ainda maiores ao direito de acesso às armas.
Evolução das Taxas de Homicídios por Estado (2011–2021)
(por 100 mil habitantes – dados do Atlas da Violência 2023)
Ano | Brasil | São Paulo | Santa Catarina | Distrito Federal | Bahia | Amapá |
---|---|---|---|---|---|---|
2011 | 27.4 | 11.5 | 12.5 | 34.6 | 39.4 | 30.5 |
2012 | 29.4 | 10.6 | 12.4 | 36.0 | 43.4 | 36.2 |
2013 | 28.6 | 10.1 | 11.3 | 30.0 | 37.8 | 30.6 |
2014 | 29.8 | 10.3 | 11.6 | 29.6 | 40.0 | 34.1 |
2015 | 28.9 | 9.3 | 11.5 | 25.5 | 39.5 | 38.2 |
2016 | 30.3 | 10.1 | 12.4 | 25.5 | 46.9 | 48.7 |
2017 | 31.6 | 10.7 | 13.2 | 20.1 | 48.8 | 48.0 |
2018 | 27.8 | 10.1 | 12.6 | 17.8 | 45.8 | 51.4 |
2019 | 21.7 | 8.2 | 10.1 | 15.9 | 41.1 | 42.7 |
2020 | 23.5 | 9.0 | 10.6 | 14.8 | 47.4 | 44.9 |
2021 | 22.4 | 6.6 | 11.4 | 12.9 | 48.0 | 52.6 |
Gráfico Comparativo: Homicídios em Estados Armamentistas vs. Estados com Alta Violência

Mais armas legais ≠ mais homicídios
Durante os anos de 2019 a 2021 — período de maior flexibilização no acesso a armas, impulsionado por decretos do governo Bolsonaro — o Brasil registrou queda ou estabilização nas taxas de homicídio em quase todo o país, inclusive na média nacional. O crescimento no número de armas legais não coincidiu com aumento na violência. Pelo contrário: os estados mais armados foram os que mais conseguiram reduzir ou conter a criminalidade violenta.
É fundamental ressaltar que quem comete homicídios no Brasil não é o cidadão de bem armado, mas sim o criminoso reincidente, geralmente vinculado ao tráfico, às facções ou à criminalidade comum. Penalizar o cidadão honesto por crimes que ele não cometeu é injusto — e ineficaz. O desarmamento afeta apenas quem já respeita a lei, enquanto o criminoso permanece bem armado, muitas vezes com armas de uso restrito.
Conclusão: por uma análise honesta e baseada em dados
A discussão sobre segurança pública no Brasil precisa urgentemente abandonar os dogmas ideológicos. O Atlas da Violência 2023 é um documento robusto, mas mesmo quando interpretado com viés desarmamentista, seus dados apontam para uma verdade inegável: os estados mais armados do Brasil são também os mais seguros. Essa constatação exige que o debate sobre políticas armamentistas seja feito com mais responsabilidade e menos preconceito.
Em vez de restringir ainda mais o direito à autodefesa, o Brasil deveria valorizar e proteger o cidadão que busca meios legais para garantir sua segurança e a da sua família. Afinal, segurança pública não se constrói com desinformação — mas com liberdade, responsabilidade e dados concretos.
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