
Existe uma velha parábola sobre um sapo que, ao ser colocado numa panela com água fria, não percebe quando a temperatura começa a subir. Ele permanece imóvel, acomodado, até morrer fervido. O brasileiro é esse sapo. E a panela é o país que ele mesmo permitiu que se tornasse inabitável.
A água ferve e ninguém reage
Por décadas, os ataques às liberdades individuais foram sendo naturalizados. O cidadão brasileiro foi progressivamente convencido de que não tem maturidade para cuidar de sua própria vida, e que o Estado deve decidir por ele. Desde o direito de se defender até o que pode ou não dizer em público, tudo virou questão de controle e regulação. A liberdade virou sinônimo de perigo — e o controle, de segurança.
Essa inversão de valores criou um povo domesticado, que prefere ser conduzido por um sistema autoritário do que assumir riscos e responsabilidades. Cada nova medida de censura é vendida como “proteção”. Cada restrição é justificada por um “bem maior”. Poucos percebem que, por trás desse discurso, há apenas o desejo de manter o cidadão submisso e inofensivo.
O brasileiro que ousa pensar diferente é taxado de “radical”. O que exige seus direitos é chamado de “extremista”. O que preza pela liberdade é marginalizado. Tudo isso enquanto o Estado avança sobre todos os aspectos da vida privada. Cada nova lei, cada nova regra, cada nova burocracia — todas apontam na mesma direção: mais poder para o governo, menos autonomia para o cidadão.
O brasileiro não sabe reconhecer uma ditadura a um palmo do seu nariz, viu com naturalidade o resultado do Referendo de 2005 ser completamente ignorado. Como esperar que qualquer outro voto fosse respeitado? Quem não respeita milhões de pessoas indo às urnas contra o desarmamento, respeitaria uma eleição para um cargo político?
E o povo vai aceitando. Um pouco mais de censura aqui, um pouco mais de vigilância ali. Uma câmera, uma multa, uma “reeducação”. Vai achando normal que o Estado tenha o direito de controlar o que você fala, come, pensa ou compra. Como o sapo, não percebe que está sendo cozido.
O problema não é a temperatura da água. É o fato de que o povo já não sente mais queimar.
A economia que só existe na propaganda
A economia brasileira é um cadáver maquiado. Os números oficiais são manipulados, as previsões otimistas se repetem há décadas, e os mesmos erros são cometidos como se fossem virtudes. A impressão descontrolada de dinheiro, os gastos públicos desenfreados e a sabotagem ao empreendedorismo criam um ambiente tóxico, onde produzir é castigo e consumir é luxo.
Enquanto isso, o trabalhador paga uma das maiores cargas tributárias do mundo e recebe serviços de países miseráveis. A saúde pública é uma roleta russa. A educação, uma fábrica de analfabetos funcionais. E a infraestrutura é um eterno canteiro de obras que nunca terminam. Mesmo assim, dizem que “a economia vai bem”.
O Brasil é o país onde juros altos convivem com inflação crescente, desafiando até as leis da economia mais básica. Isso ocorre porque o Estado não tem responsabilidade fiscal. Gasta mais do que arrecada, promete mais do que entrega, e mente mais do que governa. O resultado? Dívidas impagáveis, fuga de investimentos e o empobrecimento contínuo da população.
Os seguros são caríssimos porque os riscos são altíssimos. As taxas bancárias são absurdas porque ninguém confia em ninguém. O empreendedor paga caro para operar — e ainda corre risco de ser preso por não entender uma regra tributária obscura. A informalidade explode porque ser formal é um convite ao prejuízo.
Tudo isso, somado, mostra que o Brasil não tem uma economia — tem uma simulação. Uma ilusão mantida por propaganda estatal, manchetes manipuladas e uma população que já desistiu de entender o que é progresso de verdade.
Um cotidiano que ninguém lá fora entenderia
Explique para um europeu que, no Brasil, você não pode parar no semáforo com tranquilidade. Que cada cruzamento pode ser uma emboscada. Que os motoristas se habituaram a esconder celulares, manter janelas fechadas e andar sempre atentos, como se estivessem em zona de guerra.
Tente fazer um americano entender por que uma criança brasileira não pode brincar sozinha na calçada. Que os pais vivem em pânico, cercando os filhos com muros, grades, alarmes, câmeras e aplicativos de rastreamento. E que mesmo assim, o medo não passa. Que um simples passeio pode terminar em sequestro, abuso ou desaparecimento.
Tente explicar o absurdo de pagar mil, dois mil reais por mês em seguro de carro — não por luxo, mas porque, sem isso, o prejuízo por roubo é inevitável. Diga que os sinistros são tantos que as seguradoras operam no limite. Que não se trata de proteção: trata-se de sobrevivência econômica.
Conte que aqui, mesmo com taxas de juros altíssimas, ainda há inflação. Que o cidadão vê seu dinheiro evaporar enquanto o governo finge que tudo está sob controle. Que o banco cobra 13% ao mês no cheque especial, mas não há crédito suficiente para quem quer empreender. Que a corrupção institucionalizada impede qualquer plano de longo prazo.
E por fim, tente justificar a normalidade da propina. Que para conseguir um alvará, um documento, um atendimento prioritário, é preciso “molhar a mão” de alguém. Que isso é corriqueiro — e que o brasileiro já nem se revolta mais.
O Brasil anestesiado

A soma de todos esses absurdos criou uma sociedade anestesiada. O brasileiro sabe que tudo está errado, mas não acredita que possa mudar. Acostumou-se a viver no improviso, no “jeitinho”, no “deixa pra lá”. A indignação virou piada. O inconformismo virou meme. O problema virou rotina.
O analfabetismo funcional não atinge só a leitura. Atinge a capacidade de interpretar a realidade. De distinguir liberdade de servidão. Justiça de conveniência. Político de parasita. O brasileiro aprendeu a votar contra si mesmo — e acha que está exercendo cidadania.
A cada nova eleição, os mesmos rostos, os mesmos discursos, os mesmos resultados. E ninguém pula da panela. Uns porque têm medo, outros porque não sabem como. A maioria, porque já aceitou morrer cozida, desde que possa assistir à novela até o fim.
E enquanto o povo dorme, o Estado cresce. Cresce como um parasita que se alimenta da ignorância, da apatia e da falsa esperança. Cria novos ministérios, novos cargos, novas “soluções” para os mesmos problemas — e ninguém cobra resultado. Porque ninguém sabe mais o que é resultado de verdade.
O Brasil não é um país pobre. É um país desperdiçado. Por um povo que ainda não percebeu que está sendo fervido vivo.
Ainda dá tempo?

A pergunta que resta é: o brasileiro vai continuar cozinhando até o fim? Ou ainda há tempo para acordar, levantar e sair da panela?
É possível dizer “basta”. É possível reagir, resistir, construir algo diferente. Mas isso exige romper com a inércia. Exige coragem moral, ação coordenada, e sobretudo: recusar-se a aceitar como normal o que é, na verdade, grotesco.
Não há mudança possível sem esforço individual. Sem que cada cidadão entenda que a liberdade não é um presente do Estado, mas um dever pessoal. Que a dignidade não se mendiga — se conquista. Que nenhum político, nenhum programa social e nenhuma promessa resolverá o que só a coragem pode resolver.
Sair da panela exige enfrentar riscos. Mas é melhor correr riscos do lado de fora do que morrer lentamente dentro dela. A liberdade, a prosperidade e a justiça só existem para quem decide não se deixar cozinhar.
Porque no fim, o sapo não morre por causa da água quente. Ele morre por ter perdido o instinto de pular.
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