
Nos últimos anos, a política de controle de armas de fogo no Brasil tem sido um campo de batalha ideológico, palco de intensos debates e reviravoltas legislativas. Em meio a esse cenário complexo, a Portaria nº 166-COLOG/C Ex, de 22 de dezembro de 2023, e o Decreto nº 12.345, de 30 de dezembro de 2024, surgem como peças-chave de um mosaico regulatório que busca moldar o futuro da posse e do uso de armas no país. Este artigo se propõe a dissecar os pontos principais dessas legislações, explorando suas implicações e buscando fornecer uma visão abrangente do novo panorama da regulamentação de armas de fogo no Brasil.

Bacharel em Direito
Pós Graduado em Criminologia e Direito Constitucional
Especialista em Balística Terminal
Instrutor permanente na Academia Brasileira de Armas.
Portaria nº 166-COLOG/C Ex: A Burocracia da Legalidade
A Portaria nº 166-COLOG/C Ex, emanada do Comando Logístico do Exército, detalha as minúcias da gestão de Produtos Controlados pelo Exército (PCE) nas atividades de colecionamento, tiro desportivo e caça excepcional. Ao revogar normativas anteriores, a portaria estabelece um novo arcabouço para a concessão, renovação e fiscalização de registros, bem como para o trânsito e a aquisição de armas e munições.
Para além das definições básicas de acervo, coleção e outros termos técnicos, a portaria impõe uma série de obrigações aos interessados em possuir ou utilizar armas de fogo para fins específicos. A necessidade de registro no SisFPC, a validade limitada dos registros, a apresentação de extensa documentação e o cumprimento de requisitos específicos para cada atividade (colecionamento, tiro desportivo e caça) revelam a complexidade do processo.
A portaria também estabelece regras detalhadas para a suspensão e revalidação de registros, a realização de vistorias e a emissão da Guia de Tráfego Especial (GTE), documento indispensável para o transporte de armas e munições. Essas medidas buscam garantir o controle e a fiscalização dos PCE, mas também podem gerar dificuldades e custos adicionais para os cidadãos que desejam exercer suas atividades de forma legal.
Decreto nº 12.345/2024: O Pendulo da Restrição
O Decreto nº 12.345/2024 representa uma guinada na política de controle de armas de fogo no Brasil, revertendo algumas das flexibilizações implementadas por decretos anteriores. O decreto busca fortalecer o controle sobre armas e munições, restringir o acesso a armas de grosso calibre e aumentar a rastreabilidade de armas e munições, com o objetivo de reduzir a violência e o desvio de armas para o crime.
Entre as medidas restritivas impostas pelo decreto, destacam-se a redução do número de armas que podem ser registradas por cidadãos comuns, as novas regras para o funcionamento e a fiscalização de clubes de tiro, as restrições à importação de armas e munições e a necessidade de autorização prévia para a aquisição de armas de uso restrito.
O decreto também enfrenta desafios e controvérsias. Os vetos presidenciais a alguns pontos específicos do decreto podem ser derrubados ou mantidos pelo Congresso Nacional, o que pode alterar significativamente o alcance da legislação. Além disso, o decreto pode gerar impactos negativos em diversos setores, como a indústria de armas, os clubes de tiro e os praticantes de tiro desportivo e caça.
Implicações e Desafios
A Portaria nº 166-COLOG/C Ex e o Decreto nº 12.345/2024 representam um novo marco regulatório para o controle de armas de fogo no Brasil, com implicações significativas para os cidadãos, as empresas e as instituições envolvidas no setor. A portaria detalha as regras para a gestão de PCE, enquanto o decreto restabelece medidas de controle sobre armas e munições.
A implementação dessas legislações enfrenta desafios e controvérsias. É preciso garantir que as medidas de controle sejam eficazes na prevenção do crime e da violência, sem restringir indevidamente o direito dos cidadãos de possuir e utilizar armas de fogo para fins legítimos. Além disso, é fundamental que as novas regras sejam claras, transparentes e acessíveis, para que todos possam cumpri-las e evitar sanções desnecessárias.
O debate sobre o controle de armas de fogo é complexo e multifacetado, envolvendo questões de segurança pública, direitos individuais, economia e cultura. A regulamentação das armas de fogo deve ser baseada em evidências científicas, dados estatísticos e diálogo com a sociedade, buscando um equilíbrio entre os diferentes valores e interesses em jogo.
Sobre a RP 81 Consultancy
A RP 81 é especializada em resolver qualquer demanda relacionada a Produtos Controlados, oferecendo soluções completas e sob medida. Atuamos também com excelência na área de instrução e consultoria em segurança pessoal e privada, sempre com discrição, eficiência e profundo conhecimento técnico.
📞 Contato: +55 (41) 8425-8880
🔗 Instagram: @rpcon81