
Introdução: uma palavra sequestrada
Vivemos em tempos onde até as palavras são vítimas de roubo. Entre elas, poucas foram tão descaracterizadas quanto “milícia”. Aquilo que em sua origem designava a mais pura expressão de liberdade civil — o povo armado e organizado para defender sua comunidade — virou, no Brasil de hoje, sinônimo de crime. Mais uma vez, a esquerda tenta corromper o significado das ideias que sustentam a liberdade.
Mas miliciano não é sinônimo de criminoso. Milícia não é sinônimo de máfia. E fazer justiça não é crime — especialmente quando as instituições fracassam em cumprir seu papel.

O verdadeiro significado da palavra milícia
No dicionário, o termo é claro:
Milícia (substantivo feminino):
- Exército ou tropa não permanente, formada por civis armados;
- Corpo organizado de cidadãos preparados para defender suas comunidades;
- Serviço ou dedicação à defesa de um ideal ou causa;
- (Do latim militia, “serviço militar”, derivado de miles, “soldado”.)
Portanto, milicianos — no sentido original da palavra — são cidadãos livres, prontos para agir em nome da justiça, da autodefesa e da manutenção da ordem natural quando o Estado falha, é ausente ou se torna opressor.
- Link externo: https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/minneapolis-moradores-armados-protegem-bairros-aumento-violencia
As milícias na fundação dos Estados Unidos
A maior democracia do mundo — os Estados Unidos da América — foi construída com base no direito do povo de se armar e organizar. A Segunda Emenda da Constituição Americana, escrita em 1791, diz:
“A well regulated Militia, being necessary to the security of a free State, the right of the people to keep and bear Arms shall not be infringed.”
Ou seja:
“Uma milícia bem regulamentada, sendo necessária para a segurança de um Estado livre, o direito do povo de manter e portar armas não será violado.”
As milícias americanas não eram gangues — eram fazendeiros, comerciantes, operários e patriotas. Eles não extorquiam a população, lutavam contra a tirania britânica. Foram fundamentais na independência do país e seguem sendo, até hoje, um símbolo de resistência e vigilância cívica. Liberdade e armas caminham juntas — como milícia e justiça.
O sequestro da palavra no Brasil
No Brasil, a palavra “milícia” foi distorcida de propósito. Criminosos que deveriam ser chamados de traficantes de farda ou máfias locais, passaram a ser rotulados de “milicianos”. Essa operação semântica não é à toa: serve para atacar o cidadão armado, o CAC, o fazendeiro que se protege, o instrutor de tiro, e qualquer pessoa que acredite na liberdade individual.
Esses grupos criminosos que hoje são chamados de “milícias” não têm nada a ver com o conceito original. São, na verdade, organizações corrompidas que vendem segurança às comunidades e, ao mesmo tempo, negociam com facções de tráfico, vendem informações privilegiadas das polícias e sustentam seu poder sobre o medo e a chantagem.
Eles não fazem justiça — fazem comércio de influência, corrupção policial e dominação territorial. O nome correto para esses grupos é máfia, organização criminosa, gangue armada. Chamá-los de “milícia” é insultar séculos de tradição libertária e desprezar o conceito de justiça exercida pelo cidadão livre.

Fazer justiça não é crime
Aqui, vale fazer uma distinção importante: há uma grande diferença entre o criminoso oportunista e o cidadão que decide fazer justiça diante da omissão do Estado. O termo “justiceiro”, tão frequentemente usado de maneira pejorativa, merece resgate. Um verdadeiro justiceiro é aquele que não aceita a impunidade, que defende a própria família, que age quando o Estado não quer ou não pode agir.
Em muitos bairros do Brasil profundo, quem leva ordem às ruas não é o delegado, é o homem de bem que tomou para si o dever de proteger os seus. O justiceiro não é inimigo da lei — ele é inimigo da injustiça.

Milícias legítimas ainda existem — e fazem falta
Mesmo no Brasil atual, é possível encontrar grupos e atitudes que se alinham ao sentido correto do termo milícia:
- Associações de moradores armados em zonas rurais, que organizam rondas noturnas para proteger a comunidade.
- Clubes de tiro e grupos de autodefesa civil, que ensinam técnicas de tiro e defesa a cidadãos comuns.
- Bombeiros voluntários, que arriscam a vida em locais onde o Estado sequer se faz presente.
- Veteranos organizados, que prestam apoio a comunidades vulneráveis com conhecimento e ação.
- Grupos religiosos ou comunitários que treinam defesa pessoal e proteção de locais de culto.

Essas são verdadeiras milícias: livres, organizadas, voluntárias, e moralmente corretas.
O problema no Brasil não é o excesso de milícias — é a sua ausência
O verdadeiro problema do Brasil não é o excesso de milícias, como sugere a mídia militante, mas sim a falta delas — falta de cidadãos organizados, preparados, armados e comprometidos com a ordem moral e com a defesa de suas comunidades.
O que temos hoje são quadrilhas travestidas de autoridade, criminosos usando coletes e distintivos, e instituições que viraram balcões de negócios para proteger os próprios criminosos que dizem combater.
Se o Brasil tivesse mais milícias verdadeiras — no sentido clássico da palavra — o crime organizado não encontraria terreno fértil. A impunidade recuaria. A corrupção institucional teria freios. E o povo teria com quem contar além da boa vontade esporádica do Estado.
Quem tem medo de milicianos?
Não é coincidência que os que mais atacam o conceito de milícia sejam os mesmos que defendem o desarmamento civil, o aumento do poder do Estado e a centralização da força nas mãos de burocratas. Eles sabem que milicianos de verdade — no sentido nobre — são o último bastião contra o autoritarismo.
Rejeitemos essa manipulação. Reivindiquemos de volta as palavras. Orgulhe-se de ser alguém que defende a justiça, a comunidade e a liberdade. Orgulhe-se de ser, no sentido verdadeiro da palavra — um miliciano.
Bibliografia e referências
- Constituição dos EUA, Segunda Emenda.
- Locke, J. (1690). Segundo Tratado Sobre o Governo Civil.
- Hayek, F. A. (1944). O Caminho da Servidão.
- Bastiat, F. (1850). A Lei.
- Small Arms Survey – www.smallarmssurvey.org
- GunFacts.info – www.gunfacts.info
- OLIVEIRA, R. (2022). O Estado contra o povo armado: uma análise das milícias e da desinformação no Brasil. Revista de Política e Segurança.