
Resumo:
Este artigo examina o mito de que o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos é o principal responsável pela crise cubana. Com base em dados históricos, econômicos e sociais, demonstra-se que o verdadeiro responsável pela miséria e estagnação da ilha é o regime socialista que controla Cuba desde 1959.
1. A origem do embargo e a Crise dos Mísseis
O embargo econômico dos Estados Unidos contra Cuba teve início em 1960, após a Revolução Cubana liderada por Fidel Castro e a consequente nacionalização de empresas norte-americanas sem compensação (National Security Archive, 2022).
Em 1962, o presidente John F. Kennedy formalizou a proibição total do comércio entre os dois países por meio da Proclamação 3447 (History Channel, 2023).
O contexto era de forte tensão geopolítica e culminou na Crise dos Mísseis, quando a União Soviética instalou armas nucleares em território cubano — um dos momentos mais perigosos da Guerra Fria (Foreign Policy Institute, 2021).
Desde então, o embargo foi reforçado por legislações adicionais, como a Lei Helms-Burton de 1996, mas nunca impediu que Cuba comercializasse com outros países.
O bloqueio é, portanto, limitado principalmente às relações diretas com os Estados Unidos e empresas sob sua jurisdição (U.S. Department of State, 2024).
2. A ditadura cubana e a economia planificada
Após a revolução, o governo cubano instituiu um regime de partido único, centralizando o poder no Partido Comunista de Cuba.
Desde então, o país tem vivido sob um sistema sem eleições livres, sem liberdade de imprensa e com severas restrições à propriedade privada (Human Rights Foundation, 2024).
A economia foi moldada sob o modelo soviético, com controle estatal absoluto sobre os meios de produção e planejamento central de praticamente toda a atividade produtiva.
Segundo o Index of Economic Freedom de 2025, publicado pela Heritage Foundation, Cuba ocupa a 175ª posição entre 177 países, com nota de 25,4 em liberdade econômica — uma das mais baixas do planeta (Heritage Foundation, 2025).
Essa ausência de liberdade para empreender e investir explica, em grande parte, o fracasso econômico cubano, independentemente de embargos externos.
3. Como o embargo funciona — e como Cuba negocia livremente
O embargo norte-americano restringe apenas o comércio e investimento direto com empresas e cidadãos dos EUA.
Cuba, contudo, mantém amplas relações comerciais com dezenas de países.
Dados da Organização das Nações Unidas (UN Comtrade) e do Banco Mundial mostram que o país exporta principalmente para a China, Espanha, Alemanha, Suíça, Canadá e Bélgica, entre outros — movimentando mais de US$ 2 bilhões anuais (World Bank, 2024).
Ou seja, Cuba negocia livremente com o mundo.
A restrição norte-americana não impede o comércio global da ilha.
O problema é outro: a incapacidade do regime socialista em gerar produtividade, competitividade e eficiência.

O gráfico acima mostra a evolução aproximada da balança comercial de Cuba entre 1990 e 2023, com base em dados públicos do World Bank, UN Comtrade e Trading Economics. A linha azul representa as exportações, e a linha laranja representa as importações. É possível observar que, durante todo o período analisado, o país importou muito mais do que exportou, acumulando déficits comerciais persistentes que variam de US$ 2 a US$ 7 bilhões anuais.
Esse padrão revela que, mesmo após o fim da União Soviética — principal parceira e financiadora de Cuba até o início dos anos 1990 —, a economia cubana não conseguiu se reestruturar de forma competitiva. As exportações cresceram de forma tímida e instável, enquanto as importações se mantiveram altas, impulsionadas pela dependência de produtos básicos e combustíveis. A ausência de um setor produtivo diversificado e a centralização estatal da economia limitaram a capacidade de geração de divisas, obrigando o país a depender de crédito externo, turismo e remessas.
Portanto, o gráfico ilustra de forma clara que o problema da economia cubana não é o embargo americano, mas sim o próprio modelo socialista. Mesmo tendo liberdade para negociar com dezenas de países, Cuba não conseguiu equilibrar sua balança comercial nem desenvolver uma economia autossuficiente. O déficit constante é um sintoma direto da ineficiência estrutural de um sistema que sufoca o empreendedorismo e pune a produtividade — o verdadeiro “embargo” é o imposto pela ideologia.
4. A vida do cidadão cubano sob o socialismo
Enquanto o governo cubano culpa o embargo pelos males internos, os dados sociais revelam uma realidade distinta.
Em 2025, reportagens independentes apontaram que 89% da população vive em situação de pobreza, e milhões deixaram o país em busca de sobrevivência (El País, 2025).
O sistema racionado de alimentos, os apagões constantes e a infraestrutura em colapso são sintomas típicos de uma economia estatizada e disfuncional (Washington Post, 2025).
O Banco Mundial indica que o PIB per capita cubano está entre os mais baixos das Américas, e o crescimento econômico real permanece praticamente estagnado há mais de uma década (World Bank, 2024).
Além disso, a educação, outrora propagandeada como símbolo da revolução, apresenta sérios déficits qualitativos e currículos ideologizados (BBC Monitoring, 2024).

O gráfico acima mostra a evolução aproximada do índice de pobreza em Cuba entre 1980 e 2024, com base em dados de fontes internacionais e relatórios acadêmicos. Ele revela uma curva ascendente e contínua desde o final da década de 1980, marcando o colapso do modelo socialista cubano após o fim da União Soviética. Em 1980, estudos da Harvard DRCLAS (2020) apontavam que apenas cerca de 6% da população vivia em condições de pobreza — uma taxa artificialmente baixa, sustentada por pesados subsídios soviéticos e estatísticas controladas pelo regime.
A partir de 1990, o Banco Mundial e o Macrotrends registram o início de um rápido crescimento da pobreza: com o fim da ajuda soviética, a economia cubana entrou em colapso, inaugurando o chamado “Período Especial”. A pobreza saltou para cerca de 25% naquele momento e continuou subindo nas décadas seguintes, chegando a 40–45% nos anos 2000–2010. Esse aumento ocorreu mesmo após pequenas aberturas econômicas promovidas por Raúl Castro, demonstrando que reformas limitadas dentro de um sistema centralizado não foram capazes de reverter o empobrecimento generalizado da população.
Os dados mais recentes — provenientes do Observatorio Cubano de Derechos Humanos (2023) e do jornal El País (2025) — são ainda mais alarmantes: cerca de 89% da população cubana vive em pobreza extrema, sem acesso regular a alimentos, energia elétrica e produtos básicos. Essa trajetória crescente, consolidada no gráfico, evidencia que o principal fator responsável pelo empobrecimento da ilha não é o embargo americano, mas sim o próprio modelo socialista, que sufoca o livre mercado e elimina qualquer incentivo à produtividade e à prosperidade individual.
5. O verdadeiro bloqueio: o embargo à liberdade
Os fatos mostram que o maior responsável pelo fracasso cubano não é o embargo dos EUA, mas sim o embargo à liberdade.
O socialismo destruiu os incentivos individuais, eliminou o mercado e sufocou a criatividade e o empreendedorismo.
Sem liberdade econômica, não há prosperidade — e sem prosperidade, o povo vive dependente do Estado e preso à pobreza.
Se o socialismo funcionasse, Cuba seria uma potência: o país tem acesso a mercados internacionais, recursos naturais e turismo.
No entanto, o modelo socialista transforma cada oportunidade em tragédia, provando que nenhuma ideologia é capaz de substituir a liberdade como motor da prosperidade humana.

O gráfico mostra de forma incontestável a diferença abissal entre Cuba e as principais economias desenvolvidas do mundo em termos de liberdade econômica. Enquanto países como Suíça, Singapura, Estados Unidos, Alemanha e Japão mantêm índices entre 70 e 90 pontos — faixas consideradas “livres” ou “moderadamente livres” pela Heritage Foundation —, Cuba se arrasta abaixo dos 30 pontos, permanecendo desde 1995 na categoria de “economia reprimida”. Esse número não é apenas um dado técnico: ele traduz a realidade de um país em que o cidadão comum não pode empreender, investir, comprar ou vender livremente, e onde toda a atividade produtiva está subordinada ao Estado socialista.
Segundo o Index of Economic Freedom (1995–2025), compilado pela Heritage Foundation e pela base de dados TheGlobalEconomy.com, Cuba figura consistentemente entre as três economias menos livres do planeta, ao lado de regimes autoritários como Coreia do Norte e Venezuela. Desde a década de 1990, a pontuação cubana praticamente não mudou, girando em torno dos 25 pontos, mesmo após reformas pontuais e tentativas cosméticas de abertura. Isso demonstra que o problema de Cuba não é conjuntural, mas estrutural: o próprio sistema socialista impede o florescimento da propriedade privada, da livre concorrência e do direito de escolha do indivíduo.
A comparação com países de livre mercado é reveladora. Nações como Singapura e Suíça — com índices acima de 80 pontos — provaram que prosperidade e inovação caminham lado a lado com liberdade econômica. Já Cuba, com seu modelo de controle centralizado, se mantém presa a uma economia de subsistência, dependente de turismo, remessas e propaganda política. O gráfico sintetiza uma verdade incômoda, mas inegável: a miséria cubana não é resultado de embargos externos, e sim do embargo interno à liberdade imposto pelo socialismo.

O gráfico acima, baseado em dados da Freedom House e da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), compara o nível de liberdade de expressão em Cuba, Estados Unidos, Alemanha, Suíça, Singapura e Japão entre 2000 e 2025. As linhas representam o grau de liberdade em uma escala de 0 a 100, onde valores mais altos indicam maior respeito à livre imprensa, opinião e pensamento. Os resultados são claros: Cuba permanece isolada no extremo inferior, com pontuações em torno de 10, sendo uma das nações mais repressoras do mundo. Nesse contexto, a censura estatal, a perseguição a jornalistas independentes e o controle total da informação transformaram o país em um laboratório de silêncio — um exemplo extremo do que acontece quando o Estado assume o monopólio da verdade.
Em contrapartida, países como Suíça e Alemanha sustentam altos níveis de liberdade, reflexo de democracias sólidas e sociedades abertas ao debate público. Já Japão e Singapura, embora sejam economias avançadas, demonstram sinais preocupantes: restrições culturais e legais à crítica política, concentração midiática e autocensura crescente reduziram gradualmente seus índices de liberdade de expressão. No caso japonês, o respeito institucional contrasta com a uniformidade ideológica da mídia e a pressão social para o conformismo, o que enfraquece a pluralidade de pensamento e a coragem intelectual.
O contraste com Cuba é didático. Enquanto as sociedades livres prosperam com a troca de ideias e o confronto de opiniões, os regimes autoritários — sobretudo os socialistas — não sobrevivem à diversidade de pensamento nem à crítica racional. O socialismo depende do controle narrativo, da censura e da eliminação de dissenso para se manter. Quando as pessoas começam a pensar por conta própria, o mito da igualdade imposta desmorona. Por isso, a liberdade de expressão é o inimigo natural do socialismo — e seu termômetro mais preciso. Quanto menor a liberdade de falar e questionar, mais o Estado teme ser desmascarado.
Conclusão
O mito do embargo americano é uma narrativa conveniente para justificar décadas de fracasso econômico e autoritarismo.
A verdade é que Cuba é livre para negociar com o mundo inteiro, mas prisioneira de um sistema que criminaliza o sucesso e recompensa a obediência.
Enquanto o regime continuar negando a liberdade econômica e política, nenhum afrouxamento de embargo trará prosperidade à ilha.
O embargo que destrói Cuba é o embargo à liberdade.
Referências
- BBC Monitoring. (2024). Cuba: Education and State Ideology. BBC Worldwide Analysis.
- El País. (2025, setembro 22). Cuba: El país que la revolución no prometió. Madrid: Grupo PRISA.
- Foreign Policy Institute. (2021). The Cuban Missile Crisis: 60 Years Later. Washington, DC.
- Heritage Foundation. (2025). Index of Economic Freedom 2025 – Cuba Country Report. Washington, DC.
- History Channel. (2023). Full U.S. Cuba Embargo Announced (February 7, 1962). A&E Television Networks.
- Human Rights Foundation. (2024). 60 Years of Revolution, 60 Years of Oppression. New York: HRF Press.
- National Security Archive. (2022). Cuba: U.S. Trade Sanctions Turn Sixty. George Washington University.
- U.S. Department of State. (2024). Cuba Sanctions Program Overview. Office of Foreign Assets Control.
- Washington Post. (2025, outubro 13). Cuba Is Collapsing: Blackouts and Migration Crisis. Washington, DC.
- World Bank. (2024). World Development Indicators: Cuba Economic Data 2024. Washington, DC.
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