
Um estudo revela como a diversidade de pensamento é maior na direita política do que na esquerda
Um dos estudos mais detalhados já realizados sobre a estrutura das crenças políticas nos Estados Unidos revelou algo que muitos já percebiam intuitivamente: a direita é mais diversa em pensamento, enquanto a esquerda se concentra em torno de um conjunto estreito e quase homogêneo de posições ideológicas.
Publicado no British Journal of Social Psychology em 2024, o artigo de Adrian Lüders, Dino Carpentras e Michael Quayle utilizou um método inovador de modelagem chamado Response-Item Network (ResIN) para mapear como opiniões individuais se conectam e se agrupam em sistemas de crenças coletivos.
A pesquisa mostrou, visual e matematicamente, o que antes era apenas um debate: os eleitores de esquerda (Democratas) tendem ao extremismo e à uniformidade, enquanto os eleitores de direita (Republicanos) exibem maior variação, complexidade e amplitude de pensamento.
A dúvida dos cientistas: nossas opiniões revelam quem somos?
Os autores queriam saber se as atitudes individuais formam redes interligadas de identidade, ou seja, se ao expressar uma opinião sobre aborto, imigração ou armas, uma pessoa estaria também revelando sua identidade social e política.
A hipótese era que as crenças políticas não existem isoladas, mas se organizam em sistemas coesos — verdadeiras “malhas de identidade” que nos posicionam em um campo ideológico e social.
E foi exatamente isso que o estudo comprovou.
O método: um mapa neural da política
Usando dados de quase 8.700 americanos (396 de uma amostra online e 8.280 da pesquisa nacional ANES), os pesquisadores criaram uma rede com 40 pontos de atitude, abrangendo temas como:
- aborto,
- imigração,
- controle de armas,
- casamento gay,
- intervenção estatal,
- e direitos civis.
Cada resposta formava um nó conectado a outros, com base na frequência com que as opiniões coexistiam nas mesmas pessoas. Assim, foi possível “ver” como os pensamentos se agrupavam entre os eleitores.
O resultado foi uma imagem impressionante: dois grandes blocos de crenças.
Um azul (Democrata), compacto e denso.
Outro vermelho (Republicano), amplo e heterogêneo.

Os resultados: a esquerda é mais coesa, mas também mais fechada
A análise revelou que o cluster Democrata se concentrava quase exclusivamente em posições extremas de discordância (por exemplo, forte oposição à restrição do aborto ou ao porte de armas). Já o cluster Republicano apresentava respostas variadas, incluindo desde discordância moderada até concordância intensa — uma gama muito mais ampla de opiniões.
Os próprios autores observaram que:
“O sistema de crenças Democrata continha quase exclusivamente atitudes extremas. Em contraste, o sistema Republicano abrigava uma faixa mais larga de respostas, que iam do desacordo leve ao máximo acordo.”
Em outras palavras: a esquerda norte-americana mostrou-se intelectualmente menos plural.
Enquanto o campo conservador incluía indivíduos moderados e até parcialmente discordantes em alguns temas, o campo progressista demonstrou rigidez ideológica e menor tolerância a divergências internas.
Polarização e identidade: quando pensar diferente é trair o grupo
A pesquisa também revelou que expressar uma opinião contrária ao “padrão” do próprio grupo tende a gerar rejeição e desconforto social.
Isso significa que, em ambientes altamente polarizados, pensar diferente se torna perigoso — especialmente dentro de grupos que punem desvios ideológicos.
Os dados indicam que esse fenômeno é mais intenso entre os Democratas: suas redes de crenças são mais fechadas, suas fronteiras internas mais rígidas e a probabilidade de aceitação de um pensamento dissidente é muito menor.
Em termos simples, a esquerda americana é mais dogmática, enquanto a direita abriga maior diversidade de pensamento e graus distintos de convicção.
As implicações práticas: o desaparecimento do centro
Os pesquisadores também chamam atenção para um dado preocupante: posições neutras e moderadas estão se tornando raras.
Essas posições, quando aparecem, surgem mais associadas ao cluster Republicano — ou seja, a moderação migrou para a direita, enquanto a esquerda passou a ocupar o campo dos extremos.
Esse processo é sintomático:
“Como as posições neutras estão mais embutidas no sistema de crenças republicano, há um risco de que sejam gradualmente absorvidas pelo extremo direito, deixando a esquerda cada vez mais isolada em um polo radical.”
Na prática, isso significa que a esquerda se fecha sobre si mesma, perdendo sua capacidade de diálogo e de convivência com ideias diferentes — algo que o Instituto DEFESA há anos denuncia como o verdadeiro cerne do autoritarismo progressista moderno.
O que tudo isso significa
Ao mostrar que a diversidade de pensamento está mais viva na direita do que na esquerda, o estudo desmascara uma das narrativas mais repetidas pela academia e pela mídia: a de que os progressistas seriam mais “abertos”, “tolerantes” e “pluralistas”.
Os dados dizem o contrário.
A esquerda americana — e, por analogia, a esquerda ocidental em geral — apresenta pensamento mais homogêneo, mais militante e menos disposto a aceitar divergência.
A direita, ao contrário, abriga desde libertários até conservadores religiosos, desde defensores da economia de mercado até tradicionalistas comunitários — e essa diversidade interna é o que torna o pensamento conservador mais resistente, adaptável e intelectualmente fértil.
Conclusão
A pesquisa de Lüders, Carpentras e Quayle demonstra, com método científico e rigor estatístico, que a diversidade de pensamento real está à direita do espectro político.
A esquerda, enquanto se autoproclama “aberta e progressista”, se revela monolítica, intolerante e ideologicamente autoritária.
No fim das contas, o discurso da “diversidade” parece ter virado apenas mais uma ferramenta de controle — um paradoxo evidente: quanto mais a esquerda fala em diversidade, menos ela a tolera na prática.
Referência científica:
Lüders, A., Carpentras, D., & Quayle, M. (2024). Attitude networks as intergroup realities: Using network-modelling to research attitude-identity relationships in polarized political contexts. British Journal of Social Psychology, 63, 37–51. https://doi.org/10.1111/bjso.12665
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