
A chegada de Javier Milei à presidência da Argentina trouxe mudanças significativas nos rumos da política econômica e social. Diferentemente de seus antecessores, Milei adotou medidas simples, porém fundamentais, que resultaram em melhorias concretas em diversos indicadores. Para compreender o alcance dessas mudanças, é preciso analisar cada um dos principais indicadores sob três aspectos: sua definição, sua importância, as diferenças em relação aos governos anteriores e como as políticas de Milei produziram resultados efetivos.
1. Superávit Fiscal
Definição: O superávit fiscal ocorre quando as receitas do governo superam suas despesas. É um indicador de saúde financeira do Estado.
Importância: A manutenção de déficits constantes, como ocorreu ao longo de sucessivos governos argentinos, alimenta a inflação, aumenta a dívida pública e compromete a confiança dos investidores (Blanchard, 2017).
O que Milei fez de diferente: Enquanto governos anteriores expandiram gastos públicos descontroladamente, financiando programas populistas por meio de emissão monetária e endividamento, Milei adotou uma política de ajuste fiscal radical. Cortou subsídios, reduziu ministérios e priorizou o equilíbrio das contas.
Por que funcionou: Em apenas um ano, a Argentina registrou superávit fiscal pela primeira vez em quase 14 anos, alcançando cerca de 1,8% do PIB em 2024 (Reuters, 2025). Isso sinalizou ao mercado que o país voltou a ter disciplina orçamentária, restaurando parte da confiança perdida.

O gráfico apresenta a evolução do resultado fiscal da Argentina, medido em porcentagem do PIB, no período de 2000 a 2025. Durante a maior parte dessas duas décadas, observa-se que o país operou com déficits persistentes, representados pelas barras vermelhas. Esse comportamento foi consequência direta de políticas econômicas marcadas por gastos públicos elevados, subsídios insustentáveis e desequilíbrios orçamentários crônicos. Ao longo dos anos 2010, em especial, os déficits se aprofundaram, refletindo tanto crises internas quanto a falta de reformas estruturais.
No período mais recente, há uma inflexão visível. A partir de 2024, já sob o governo de Javier Milei, o resultado fiscal passou de déficits elevados para a obtenção de superávit, marcado em azul. O destaque em verde no gráfico mostra a mudança histórica: em 2025, a Argentina registrou superávit fiscal pela primeira vez em quase 14 anos, com cerca de 1,8% do PIB. Esse marco não é apenas um dado estatístico, mas o reflexo da adoção de medidas de ajuste e disciplina fiscal que romperam com décadas de gastos acima da arrecadação.
Esse resultado comprova que, ao contrário de fórmulas complexas e populistas dos governos anteriores, a aplicação de medidas básicas de responsabilidade fiscal pode trazer benefícios concretos e imediatos. O equilíbrio das contas públicas não apenas melhora a credibilidade do país no cenário internacional, reduzindo o risco de insolvência, como também serve de base para controlar a inflação e recuperar o poder de compra da população. O gráfico, portanto, sintetiza uma das mais claras demonstrações do impacto da mudança de rumo político e econômico na Argentina recente.
2. Inflação
Definição: A inflação é o aumento generalizado e contínuo dos preços de bens e serviços.
Importância: A inflação corrói o poder de compra da população, desorganiza a economia e prejudica especialmente os mais pobres, que não conseguem se proteger por meio de ativos financeiros (Dornbusch & Fischer, 1993).
O que Milei fez de diferente: Em contraste com a política monetária frouxa dos governos anteriores, que recorriam à emissão descontrolada de moeda, Milei implementou uma política de choque fiscal e monetário, cortando a expansão de gastos e restringindo a base monetária.
Por que funcionou: Embora ainda elevada em termos anuais, a inflação mensal caiu para cerca de 1,5% em maio de 2025, o menor índice em cinco anos (El País, 2025). A medida reduziu expectativas inflacionárias e estabilizou preços em setores-chave.

O gráfico mostra a trajetória da inflação anual na Argentina entre 2000 e 2025, destacando em laranja os valores historicamente elevados e, em verde, o período do governo Milei. Durante as primeiras duas décadas do século XXI, a inflação argentina foi marcada por aumentos sucessivos e persistentes. Desde meados dos anos 2010, em particular, a escalada se intensificou, chegando a superar 90% ao ano em 2023 e ultrapassando a marca dos 140% em 2024, antes da posse de Milei. Essa tendência evidenciava um descontrole monetário crônico e uma política econômica incapaz de conter a desvalorização da moeda.
A partir de 2024, com a implementação das políticas de choque fiscal e monetário promovidas por Milei, observa-se uma mudança relevante na curva inflacionária. O governo adotou medidas severas de ajuste, entre elas o corte de subsídios, a redução de gastos públicos e a contenção da emissão monetária. Como reflexo, em 2025 a inflação anual caiu para aproximadamente 55%, ainda alta em termos absolutos, mas representando uma queda expressiva em relação aos patamares imediatamente anteriores. Essa redução marca o início de um processo de estabilização que vinha sendo adiado há décadas.
O gráfico ilustra de forma clara que a inflação, que parecia incontrolável sob governos anteriores, começou a ser domada quando se aplicaram medidas básicas de disciplina fiscal. A queda da inflação não apenas devolve previsibilidade aos agentes econômicos, como também impacta diretamente o poder de compra da população, especialmente dos mais pobres. Ao romper com a lógica de financiar déficits com impressão de moeda, o governo Milei mostrou que atacar a raiz do problema — e não apenas seus sintomas — é o caminho eficaz para a retomada da estabilidade.
3. Pobreza
Definição: A pobreza é medida pela proporção da população cuja renda não cobre a cesta básica de bens e serviços necessários para viver.
Importância: Trata-se de um dos principais indicadores de bem-estar social. Altos níveis de pobreza estão relacionados a maior desigualdade e instabilidade política (Sen, 1999).
O que Milei fez de diferente: Ao invés de sustentar programas de transferência de renda baseados em endividamento, Milei buscou atacar a raiz do problema: a inflação e o desequilíbrio fiscal.
Por que funcionou: No segundo semestre de 2024, a taxa de pobreza urbana caiu para 38,1%, um recuo importante em relação ao início do mandato (AP News, 2025). A redução se deveu principalmente à estabilização de preços, que devolveu poder de compra às famílias.
4. Risco País
Definição: O risco país mede a confiança dos investidores na capacidade de um país honrar seus compromissos financeiros. É geralmente mensurado pelo spread dos títulos soberanos em relação a títulos norte-americanos.
Importância: Quanto maior o risco país, mais caro fica para um governo captar recursos e mais difícil é atrair investimentos estrangeiros.
O que Milei fez de diferente: Ao demonstrar compromisso com o ajuste fiscal, Milei reduziu a percepção de insolvência que marcava a Argentina nos anos anteriores.
Por que funcionou: O risco país caiu significativamente em 2024, abrindo caminho para novas linhas de crédito e atraindo capital privado (Chequeado, 2024).

O gráfico mostra a evolução do risco país argentino, medido pelo índice EMBI+ em pontos base, entre 2000 e 2025. Esse indicador revela o quanto os investidores internacionais percebem a probabilidade de inadimplência de um país em relação à dívida pública. Durante as duas primeiras décadas do século, a Argentina conviveu com oscilações significativas, mas sempre em patamares elevados. A partir de 2010, a tendência foi de aumento contínuo, refletindo a deterioração fiscal, a falta de credibilidade institucional e as sucessivas crises econômicas, chegando a ultrapassar 2.500 pontos base nos anos mais recentes.
No período destacado em verde, correspondente ao governo Milei (2024–2025), observa-se uma queda expressiva do risco país. Após anos de descontrole fiscal e inflação desmedida, as medidas de ajuste aplicadas pela nova administração conseguiram sinalizar ao mercado uma guinada na condução econômica. A redução de gastos públicos, o equilíbrio fiscal e a política monetária restritiva transmitiram maior confiança aos investidores, o que se traduziu na redução do prêmio de risco exigido para financiar o país.
Esse movimento de queda no risco país é particularmente relevante porque abre espaço para que a Argentina volte a acessar crédito internacional em condições menos onerosas. Além disso, reforça a percepção de que o governo está comprometido com a solvência de longo prazo e com a recuperação da credibilidade perdida em décadas anteriores. Em termos práticos, a melhora no indicador contribui para atrair investimentos, estimular a atividade econômica e sustentar as reformas em andamento, consolidando o impacto positivo das medidas iniciais do governo Milei.
5. Comércio Exterior e Balança Comercial
Definição: A balança comercial é a diferença entre exportações e importações de bens e serviços.
Importância: Uma balança positiva fortalece reservas internacionais e ajuda a estabilizar o câmbio, reduzindo pressões inflacionárias.
O que Milei fez de diferente: Enquanto governos anteriores sufocaram o setor produtivo com controles e impostos, Milei liberou exportações, simplificou normas e reduziu barreiras internas.
Por que funcionou: O país passou a registrar superávits comerciais, com destaque para o setor agropecuário e de mineração, que se beneficiaram da redução de entraves estatais (Fundación Encuentro, 2024).

O gráfico apresenta a evolução da balança comercial da Argentina, medida em bilhões de dólares, entre 2000 e 2025. Nos primeiros anos da série, observa-se um desempenho positivo, com superávits comerciais que variaram entre 7 e 16 bilhões de dólares, impulsionados principalmente pelo setor agroexportador. No entanto, a partir da década de 2010, o cenário se deteriorou: déficits frequentes, representados em vermelho, indicaram que o país importava mais do que exportava, reflexo de políticas de atraso cambial, controles excessivos e perda de competitividade industrial.
A partir de 2020, os resultados comerciais continuaram frágeis, com déficits persistentes que refletiam o enfraquecimento da produção e a alta demanda por bens importados, especialmente em setores dependentes de insumos estrangeiros. Esse quadro só se inverteu no período mais recente, já sob a administração Milei, quando se observou uma recuperação significativa. Em 2024, a balança voltou ao terreno positivo e, em 2025, o superávit comercial alcançou 12 bilhões de dólares, representando a maior marca em duas décadas.
Essa reversão é resultado direto de medidas de liberalização do comércio, redução de entraves burocráticos e estímulo ao setor exportador, sobretudo no agronegócio e na mineração. O aumento do superávit fortaleceu as reservas internacionais e ajudou a estabilizar o câmbio, ao mesmo tempo em que reduziu pressões inflacionárias internas. O gráfico, portanto, evidencia como a abertura econômica e a confiança renovada no mercado externo podem transformar rapidamente a balança comercial, consolidando um dos pontos fortes da estratégia inicial do governo Milei.
6. Brecha Cambial
Definição: A brecha cambial é a diferença entre a taxa de câmbio oficial e a taxa paralela (mercado negro ou “blue”).
Importância: Uma grande diferença entre esses valores é sintoma de desconfiança no governo e incentiva práticas ilegais de câmbio, além de distorcer preços.
O que Milei fez de diferente: Diferente dos governos anteriores, que tentavam mascarar a crise com controles artificiais, Milei promoveu uma liberalização gradual, reduzindo intervenções e reconhecendo a realidade cambial.
Por que funcionou: A brecha cambial caiu de patamares próximos a 200% para níveis significativamente menores, sinalizando maior confiança no mercado de câmbio oficial (Chequeado, 2024).
7. Política de Armas
Definição: A política de armas abrange o conjunto de regras e regulamentos que determinam quem pode possuir, portar ou adquirir armas de fogo, sob quais condições e com quais limitações.
Importância: A política de armas está diretamente ligada à segurança pública, à liberdade individual e à capacidade de defesa dos cidadãos. Estudos internacionais mostram que a liberdade de acesso a armas não apenas aumenta a segurança pessoal, mas também contribui para maior liberdade econômica e menor corrupção (Kleck & Gertz, 1995; Lott, 2010).
O que Milei fez de diferente: Em 2025, o governo revogou restrições em vigor desde 1995, permitindo que civis legalmente habilitados adquirissem armas semiautomáticas de maior calibre, além de reduzir a idade mínima de aquisição de 21 para 18 anos. Também simplificou o processo de registro, digitalizou etapas burocráticas e criou regimes mais rápidos de autorização (Infobae, 2025).
Por que funcionou: Embora ainda não haja dados recentes da Argentina para medir o impacto direto dessas mudanças, a experiência internacional demonstra que sociedades armadas desfrutam de maior segurança, menor criminalidade violenta, maior liberdade econômica e menor incidência de corrupção estatal (Kleck, 1997; Lott, 2010). A adoção dessas medidas na Argentina representa não apenas um cumprimento de promessa de campanha, mas também um passo em direção ao fortalecimento das liberdades individuais.
8. Carga Tributária
Definição: A carga tributária corresponde ao total de impostos, taxas e contribuições arrecadados pelo Estado em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).
Importância: Uma carga tributária elevada reduz o poder de compra das famílias, desestimula investimentos e compromete a competitividade internacional. Além disso, quando os impostos não retornam em serviços públicos de qualidade, tornam-se um peso que contribui para a manutenção da pobreza estrutural (Musgrave & Musgrave, 1989).
O que Milei fez de diferente: Diferentemente dos governos anteriores, que aumentaram constantemente impostos para financiar déficits e subsídios, Milei iniciou um processo de simplificação tributária e redução de alíquotas em setores produtivos. Sua meta é aliviar o peso sobre o contribuinte e devolver à iniciativa privada os recursos que antes eram capturados pelo Estado.
Por que funcionou: Embora ainda em fase inicial, as medidas já indicam uma redução da pressão fiscal sobre setores estratégicos, como o agronegócio e a indústria exportadora. Ao estimular a produção e o investimento privado, a diminuição da carga tributária tende a gerar mais empregos, fortalecer a economia real e reduzir a dependência de políticas assistencialistas. Esse efeito, somado ao controle da inflação, reforça o impacto positivo sobre a pobreza e sobre o poder de compra da população.
Conclusão
Os resultados alcançados pelo governo Milei mostram que a recuperação da Argentina não depende de fórmulas mágicas, mas do cumprimento das regras mais básicas de uma economia saudável: gastar menos do que se arrecada, controlar a emissão monetária, respeitar o mercado e restaurar a confiança. Além disso, a flexibilização da política de armas insere a Argentina em um contexto de maior respeito às liberdades individuais, promovendo um ambiente mais seguro, mais livre e menos propenso à corrupção. Ao fazer o básico bem feito, Milei conseguiu em um curto período resultados que seus antecessores não alcançaram em décadas.
Referências
- AP News. (2025). Argentina poverty levels decline under Milei.
- Blanchard, O. (2017). Macroeconomics. Pearson.
- Chequeado. (2024). Indicadores claves de la gestión de Javier Milei.
- Dornbusch, R., & Fischer, S. (1993). Macroeconomics. McGraw-Hill.
- El País. (2025). Argentina registra la inflación más baja en cinco años.
- Fundación Encuentro. (2024). Reporte de indicadores del gobierno de Milei.
- Infobae. (2025). Modificación de la regulación de armas semiautomáticas en Argentina.
- Kleck, G. (1997). Targeting Guns: Firearms and Their Control. Aldine de Gruyter.
- Kleck, G., & Gertz, M. (1995). Armed resistance to crime: The prevalence and nature of self-defense with a gun. Journal of Criminal Law and Criminology, 86(1), 150–187.
- Lott, J. R. (2010). More Guns, Less Crime: Understanding Crime and Gun Control Laws (3rd ed.). University of Chicago Press.
- Reuters. (2025). Argentina logs first financial surplus in 14 years.
- Sen, A. (1999). Development as Freedom. Oxford University Press.
- Musgrave, R. A., & Musgrave, P. B. (1989). Public Finance in Theory and Practice. McGraw-Hill.
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