
Saber usar os termos corretos não torna ninguém mais habilidoso com armas. Isso é verdade. Mas ignorar esses termos pode colocar você — ou outros — em risco.
No mundo do armamento, a precisão na linguagem salva vidas, evita mal-entendidos e impede decisões desastrosas, tanto no campo prático quanto jurídico. Vamos entender a diferença entre três verbos comumente confundidos por leigos, políticos desarmamentistas e até por alguns profissionais da área: municiar, alimentar e carregar.
📌 Municiar
Municiar é o ato de inserir munições no carregador.
Ou seja: quando você está abastecendo o carregador, colocando cartuchos nele um a um, você está municiando.
👉 É o primeiro passo no processo de preparação de uma arma de fogo.
📌 Alimentar
Alimentar significa inserir o carregador na arma.
Você terminou de municiar o carregador? Ao encaixá-lo na arma, você está alimentando o sistema.
👉 Nesse estágio, a arma ainda não está pronta para disparar.
📌 Carregar
Carregar é o momento em que você leva uma munição à câmara da arma, tornando-a pronta para o disparo (em sistemas com cão externo ou striker, pode ou não incluir o armamento do mecanismo de disparo).
👉 Após carregar, a arma está efetivamente pronta para o uso.
🚫 Não confunda com o verbo “to cock”
Em inglês, to cock refere-se ao ato de armar o cão de uma arma (ou o percussor, no caso de armas striker-fired).
Não confunda “carregar” com “armar”. Embora estejam relacionados, são etapas distintas com implicações práticas e legais diferentes.
⚠️ Um exemplo grave: o General Theophilo e a Portaria 28/2017
Em 14 de março de 2017, o então General de Exército Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, que ocupava o cargo de Comandante Logístico do Exército (COLOG), publicou a Portaria nº 28/2017, que pode ser lida aqui:
👉 http://www.dfpc.eb.mil.br/phocadownload/p128.pdf
O texto foi divulgado como uma suposta autorização para que atiradores transportassem armas municiadas — o chamado “porte de trânsito”.

Em declarações públicas, o general afirmou ser a favor de arma municiada e na cintura, o que soava como uma postura pró-liberdade. Mas o conteúdo da portaria, na prática, revelava o oposto: ambiguidade técnica, confusão terminológica e insegurança jurídica.
A portaria ignorava o que já está garantido por lei desde 2003 — o porte de trânsito de caçadores, atiradores e colecionadores (CACs), previsto no art. 6º, §1º da Lei 10.826/2003:
👉 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.826.htm#art6%C2%A71
Ao invés de reconhecer esse direito, a medida reforçou interpretações restritivas e levou milhares de cidadãos ao risco de prisão.
Esse erro não foi apenas técnico — foi também político. Theophilo, filiado ao PSDB e alinhado a pautas de esquerda, atuou de forma ativa para restringir liberdades individuais, mesmo vestindo a farda de general:
👉 https://www.psdb.org.br/ce/tag/general-theophilo/
A Portaria 28 não criou um direito. Tentou restringi-lo — e o fez de maneira desastrosa.
✅ Conclusão: linguagem importa
Você pode ser rápido no saque e preciso no disparo. Mas se não souber se comunicar corretamente, pode perder na retaguarda, no tribunal ou na delegacia.
Use as palavras certas. Ensine as palavras certas.
Comunicação clara é parte do combate — e da liberdade.